Doogie White e Nick Simper: Blackmore Rock Bar - São Paulo/SP


Nick Simper e Doogie White
Para quem é muito fã de uma banda poder ver e ouvir ao vivo e de perto um de seus integrantes – ou ex – é sempre motivo de alegria. Por isso quando foi anunciada a apresentação do baixista Nick Simper em São Paulo, primeiro veio o espanto: “onde acharam esse cara?”, e a certeza de ouvir músicas que praticamente se perderam na história do Deep Purple.

Afinal, da formação do Purple que gravou “Bird Has Flown”, “Emmaretta” ou “Wring that Neck”, apenas Ian Paice continua na banda nos dias de hoje. Alguns podem argumentar que o DP realmente só achou o caminho certo com a entrada de Ian Gillan e Roger Glover, que o som antes deles era bem diferente e tudo mais. Bom, isso é tudo história, o importante é que na noite de sábado, 16, os fãs tiveram a oportunidade de ouvir parte dessa história, ao vivo, por alguém que a ajudou a escrever. E para melhorar, com a adição do excelente vocalista, simpático e humilde Doogie White.

Por tudo isso, foi estranho constatar que o público que compareceu ao Blackmore foi pequeno. Azar de quem perdeu a oportunidade de mais uma vez conferir Doogie ao vivo e ainda um dos fundadores de uma das maiores bandas de todos os tempos.

Doogie White

E foi o cantor escocês que abriu a noite, à 01h10 (já no horário de verão), quando a banda tocou o primeiro acorde de “Wolf to the Moon”, primeira música do único – e ótimo – disco de Doogie White à frente do Rainbow. A banda que acompanhou Doogie era formada por Bruno Sá (teclado) e os integrantes do Purplestorm: Rodrigo Mantovanni (baixo), Fernando Piu (guitarra) e Daniel Labo (bateria). Aliás, a banda merece os parabéns pelo show apresentado.

Doogie White e a banda ainda tocaram “When the Hammer Falls” (Cornestone), “Black Masquerade” (Rainbow), “Manic Messiah” (Empire) e “Ariel” (Rainbow). E foi aí que o show teve o seu momento mais emocionante.

Doogie avisou que faria uma homenagem a Ronnie James Dio cantando “Don’t Talk to Strangers”. Pegou uma larga pasta com as letras da música, para não errar, segundo ele próprio. Mas não adiantou. A emoção de Doogie White ao interpretar um dos maiores clássicos de Dio não permitiu que ele conseguisse cantar e o vocalista foi às lágrimas, literalmente.

Com a voz embargada e as lágrimas nos olhos, Doogie foi ovacionado pelo público num belo momento de demonstração de carinho e admiração ao falecido mestre. Doogie saiu do palco antes do final da música, sem conseguir se despedir.

Nick Simper

Após alguns minutos, Doogie, Bruno, Fernando e Daniel voltam ao palco, dessa vez acompanhados de Nick Simper, um senhor com ralos cabelos branquíssimos e um constante sorriso no rosto que mostrava a satisfação por estar em um palco, revivendo momentos e canções com mais de 40 anos.

A segunda parte do show, dedicada aos primórdios do Deep Purple, começou com “And the Adress”, primeira música do primeiro disco da banda, “Shades of Deep Purple”, de 1968. Seguiram-se “The Painter”, “Mandrake Root” - a preferida de Simper, segundo ele – “Emmaretta”, a bela “Lalena” e “Kentucky Woman”, entre outras. Após uma breve saída, os músicos voltaram para encerrar essa parte com a música mais famosa da primeira fase do Deep Purple, “Hush”, cover de uma composição de Joe South.

Nessa segunda parte do show, infelizmente, Doogie White não fez uma boa apresentação. O fato de não saber as letras e ter que lê-las fez com que o vocalista não se soltasse no palco e em muitos momentos sua voz era quase inaudível. Mas ainda havia mais.

Com a saída de Simper, o baixista Rodrigo Mantovanni voltou ao palco e o grupo fechou a noite com “Heaven and Hell”, do Black Sabbath. Mais uma vez Doogie não conseguiu cantar e chorou novamente no palco. Além da óbvia emoção, acho que o conteúdo etílico do copo que ele trouxe ao palco ajudou a deixá-lo mais emotivo.

Antes mesmo do final da música Doogie deixou o palco e logo depois aconteceu algo curioso. Saí do Blackmore e parei no semáfaro do cruzamento das ruas Iraí e Maracatins, para chegar na Avenida Ibirapuera, e quem é que estava na esquina, aguardando o sinal abrir para os pedestres, de óculos escuros e segurando uma sacola plástica, em plena madrugada? Doogie White.

De dentro do carro gritei um oi e disse que esperava vê-lo muitas outras vezes no Brasil. Ele parou, disse alguma coisa sobre “o país do futebol” - que, confesso, não entendi - fez o sinal da paz, me desejou boa noite e seguiu andando, sozinho, pelas ruas de Moema. Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

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