Cranberries: Credicard Hall - São Paulo/SP

Com tantos shows internacionais sendo realizados no Brasil - e praticamente todos à preços exorbitantes - seria de se imaginar que o retorno de um grupo ao país apenas nove meses depois da última apresentação fosse sinônimo de pouco público, certo? Talvez isso acontecesse com outras bandas, mas não foi assim com o Cranberries.

O quarteto irlandês está de volta ao Brasil para uma série de apresentações até o próximo dia 23 (confira a agenda) e tocou na noite dessa quinta-feira, 14, para o público paulista com a casa lotada. Até a tarde de ontem, só estavam disponíveis ingressos para a pista, sendo que todos os outros setores já estavam esgotados.

Um público animado, formado por muitos casais e na faixa dos 30 anos, aguardava a entrada da banda. Às 21h55 as luzes se apagaram e Noel Hogan (guitarra), Mike Hogan (baixo) e Fergal Lawler (bateria) adentram ao palco acompanhados de um músico de apoio que cuidou do teclado e também tocou guitarra.

Como se fosse uma adolescente em uma festa, Dolores O’ Riordan entra em cena com vestido vermelho mostrando nas pernas o típico bronzeado irlandês e uma energia de fazer muito marmanjo passar vergonha. Mike permanece ao fundo do palco, ao lado da bateria de Fergal. Noel, no canto direito do palco, expressa com sorrisos no rosto a satisfação de estar ali. Dolores anda de um lado para o outro e interage com a platéia.

Aliás, a presença de palco da vocalista realmente chama a atenção. Sempre dançando e dando trabalho para os fotográfos que tentavam acompanhá-la. O repertório foi o mesmo apresentado no Rio de Janeiro, no dia 12. “Analyse” abriu a noite, seguida de “How”, “Animal Instinct” e “Dreaming My Dreams”. Logo no início do show Dolores recebeu de um fã um desenho de seu rosto feito à lápis. Mostrou ao público e disse que o desenho estava melhor do que ela mesma.

O Credicard Hall realmente se tornou uma só voz com a balada “Linger”, seguida de “Ode to my Family”. Na bela “Daffodil Lament” Dolores teve problemas com sua guitarra, o que fez a música ser interrompida. Em apoio à vocalista o público começa a gritar o nome de Dolores, até que um roadie consegue resolver o problema e a música recomeça.

“I Can't Be With You”, “Free to Decide”, “Just my Imagination” e “When You’re Gone” fizeram parte do repertório antes da estratégica saída do palco. Em “Salvation” Dolores surge no palco com um tipo de cocar com penas coloridas. A pesada e ótima “Zombie” foi a última dessa parte do show. No bis tocaram, entre outras, “Promises” e “Dreams”, para encerrar a ótima apresentação na capital paulista.

Com 20 anos de carreira, certamente a banda deve ter percebido que demorou muito tempo até fazer sua estréia em um palco brasileiro, ocorrido em janeiro deste ano. A lotação e empolgação do público nesta quarta-feira provou que essa sede ainda não foi saciada.